Os efeitos do aquecimento global estão se manifestando com uma intensidade e imprevisibilidade crescentes, e em 2024, esses fenômenos se agravaram, ressaltando a urgência de ações concretas e imediatas
A crise climática é uma realidade inegável que avança rapidamente.
Dados recentes da Reuters revelam um aumento alarmante nas emissões de gases de efeito estufa, impulsionado, entre outros fatores, por devastadores incêndios florestais.
"Os incêndios florestais que devastaram as florestas do Canadá no ano passado liberaram mais gases de efeito estufa do que alguns dos maiores países emissores," revelou um estudo recente, questionando a eficácia dos orçamentos nacionais de emissões que dependem das florestas como reservas de carbono.
Esses incêndios consumiram 15 milhões de hectares de florestas em todo o Canadá, uma área equivalente a cerca de 4% das suas florestas totais. E esses eventos não são isolados.
A Reuters informa que a Bolívia registrou o maior número de focos de incêndios florestais em 14 anos. Até agora, foram 3 milhões de hectares de terra queimados somente em 2024, e o pico da temporada de incêndios ainda está por vir.
No Brasil, o Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – divulgou dados alarmantes sobre as queimadas. Somente neste ano, foi registrado um aumento de 78% em comparação ao mesmo período de 2023, e o país não parece estar tomando medidas eficazes para mitigar essa situação.
Ao redor do mundo, os sinais de que a crise climática está se intensificando são igualmente perturbadores.
Na Islândia, um vulcão entrou em erupção recentemente, sublinhando a força e a imprevisibilidade dos fenômenos naturais. Em Portugal, um tremor na madrugada de domingo para segunda-feira abalou a população.
Na Grécia, a cidade de Volos assistiu a um triste espetáculo: centenas de milhares de peixes mortos chegaram a um porto turístico após terem sido deslocados de seus habitats naturais durante enchentes no ano passado.
Outro fator extremamente preocupante é a intensificação do derretimento das calotas polares, conforme revelado por uma publicação recente da revista Nature. Esse fenômeno tem acelerado o degelo e, surpreendentemente, reduzido a velocidade de rotação do planeta.
De volta ao Brasil, vimos o Rio Grande do Sul enfrentar eventos climáticos extremos que desafiaram tanto a infraestrutura quanto a resiliência da população local. Dias quentes e secos, intercalados com períodos frios e chuvosos, nos asseguram que a natureza não está brincando e devolve ao homem aquilo que recebeu dele.
Esses acontecimentos nos forçam a refletir sobre nossa responsabilidade individual e coletiva na luta contra as mudanças climáticas.
A pergunta que surge é: o que estamos fazendo para reverter essa situação?
Muitas nações ainda não estão respeitando os compromissos estabelecidos na COP28, realizada em dezembro de 2023, em Dubai. Embora o documento final afirme a necessidade de uma transição energética, ele não propõe o fim completo do uso de combustíveis poluentes.
Não podemos deixar as respostas serem adiadas ou delegadas apenas aos governos. Nossa atitude é necessária e urgente.
O artista Eduardo Srur, há anos, vem nos alertando com suas obras a céu aberto e performances que abordam o consumo excessivo da sociedade. Confira a entrevista que fizemos com ele clicando aqui.
“A humanidade é uma locomotiva movida a carvão que está fora de controle e o nosso impacto no planeta é inevitável.
– Eduardo Srur para Andrea Machado
A situação em países emergentes, como a Índia, também merece atenção. Apesar do crescimento econômico significativo, quase metade da população vive com menos de US$ 3,10 por dia.
A Índia é o terceiro maior produtor de carvão do mundo, e sua economia depende desse recurso para sobreviver. Recomendo o documentário "Before the Flood", da National Geographic, lançado em 2016, onde Leonardo DiCaprio entrevista líderes globais sobre essa crise.
Ações individuais também são cruciais.
Desde a redução do consumo de energia até a adoção de práticas mais sustentáveis, cada um de nós pode – e deve – contribuir para a construção de um futuro mais seguro.
O tempo para agir é agora. Enquanto os governos discutem políticas e metas ambientais, a sociedade civil não pode ficar de braços cruzados.
Devemos assumir nossa parte na transição para um mundo mais equilibrado e sustentável. A mudança começa com pequenas atitudes diárias, que, somadas, podem fazer uma diferença significativa.
Os dados apresentados pela Reuters, a qual nossa plataforma é assinante, ilustram a urgência e a gravidade da situação.
A crise climática é um desafio global, mas a resposta a esse desafio depende também da ação local, de cada indivíduo, empresa e comunidade.
Isso não significa recorrer a ataques a obras de arte ou atos extremos, mas sim fazer nossa parte e cobrar que os governos façam a deles. Precisamos de uma postura ativa e consciente, mas sem vandalismo.
Não podemos subestimar nosso poder de influência e a importância de cada gesto para o futuro do planeta.
Se quisermos que as próximas gerações herdem um mundo habitável e próspero, precisamos agir com determinação e responsabilidade.
A mudança é possível, mas exige esforço coletivo e compromisso contínuo. Respeitar o que já existe e, ao fazer o novo, fazê-lo de forma consciente é fundamental. O futuro do planeta depende de nós. Agir hoje é essencial, pois amanhã pode ser tarde demais.
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