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Foto do escritorAndrea Machado

Demi Moore em A Substância: beleza e aceitação

Regras do filme A Substancia
Uma das regras para a juventude do filme A Substância

O papel da atriz no filme explora os desafios da autenticidade em

um mundo que idolatra a perfeição


Desde o lançamento de A Substância, filme de Coralie Fargeat estrelado por Demi Moore e Margaret Qualley, eu sabia que precisava assisti-lo. Ele já estava na minha lista do Prime, mas, curiosamente, sempre o deixava para depois, priorizando documentários. Ontem, porém, após ouvir um podcast sobre o filme, decidi dar o play. O episódio do 'pod' trazia um vídeo de Demi Moore falando sobre sua relação com Ashton Kutcher — marcada por abusos emocionais e pela pressão de ultrapassar limites para agradá-lo — e sobre os desafios de atuar após os 40, em uma indústria onde juventude e beleza são sinônimos de aceitação. Esse foi o empurrão que faltava para eu mergulhar na obra e refletir sobre a busca por autenticidade em um mundo que idolatra a perfeição.

 

O que encontrei foi um filme que não apenas aborda envelhecimento e beleza, mas que nos leva questionar o que realmente valorizamos em nós e nos outros.


Demi Moore, com sua atuação visceral, personifica as dores e as pressões que muitas mulheres enfrentam ao envelhecer, especialmente em uma sociedade que idolatra a juventude. Aqui, quero falar da mulher Demi Moore — destemida, que expõe seu corpo como ele realmente é no filme, sem tabus ou preconceitos.

 

No centro da narrativa estão Elisabeth (Demi Moore) e Sue (Margaret Qualley), duas figuras que parecem reflexos distorcidos uma da outra. Elisabeth, uma mulher madura, enxerga sua beleza como uma moeda em desvalorização, incapaz de competir com os padrões exigidos por sua profissão e pelo mercado. Sua demissão é o golpe final, expondo o quanto a sociedade pode ser cruel com quem não reflete o brilho da juventude.


Demi Moore no filme A Substancia
A personagem Elisabeth Sparkle interpretada por Demi Moore no filme 'A Substância'

Sue, por outro lado, criada a partir da 'costela', não de Adão, mas de Elisabeth – uma metáfora para a luta pela igualdade de gênero – é a personificação do ideal de beleza que Elisabeth acredita ter perdido. Jovem, estonteante e desejada, Sue detém tudo o que Elisabeth almeja: aceitação, atenção e poder sobre os olhares do público. No entanto, sua beleza vem acompanhada de uma mente desestruturada, sem base emocional ou maturidade. Ela é irresponsável, egoísta e incapaz de nutrir relações saudáveis, representando o vazio que muitas vezes acompanha a busca pela perfeição estética.

 

Essas personagens funcionam como um paradoxo: enquanto Elisabeth idolatra Sue, Sue não encontra 'substância' em sua própria existência. Juntas, Demi Moore e Margaret Qualley escancaram as armadilhas da idealização da juventude e os perigos de rejeitar o envelhecimento como parte natural da vida.


Sophia Loren
Sophia Loren: mais que um ícone de beleza, uma força cultural que marcou o cinema e abriu portas para as mulheres no mercado de trabalho

Ao refletir sobre A Substância, é impossível não pensar em figuras como Sophia Loren e a própria Demi Moore. Ambas, mesmo com intervenções estéticas, preservam a essência de sua beleza. Loren, com suas linhas marcantes e charme que transcende gerações, não cedeu à padronização. Moore, apesar das adversidades, também manteve sua autenticidade.

Esse contraste entre a beleza natural e a busca desenfreada pela perfeição levanta uma questão importante: o que realmente buscamos ao modificar nossa aparência? Um nariz mais fino, lábios volumosos ou um rosto sem rugas são realmente sinônimos de felicidade? Ou será que a obsessão por esses padrões apenas nos afasta de quem somos?

 

“Ah, se eu tivesse 20 anos com a mentalidade de hoje!” — quem nunca ouviu ou, depois dos 30, repetiu essa frase? A juventude é frequentemente romantizada, enquanto o envelhecimento é tratado como algo a ser combatido. Mas o filme nos convida a desconstruir essa visão: será que estamos realmente preparados para envelhecer?

 

Vivemos tempos em que o mercado da beleza e as redes sociais ditam como devemos nos enxergar. Imagens editadas, filtros e influenciadores reforçam a ideia de que só somos válidos se refletirmos uma beleza impecável. No entanto, isso não é sustentável — nem emocional, nem fisicamente.

 

Margaret Qualley e Demi Moore no filme A Substancia
Margaret Qualley e Demi Moore atuando no filme A Substancia

Envelhecer é um privilégio, mas somos constantemente condicionados a resistir a ele com todas as forças, muitas vezes ignorando o que realmente importa: saúde, vivências e a essência que acumulamos ao longo da vida. Cuidar da aparência, seja com procedimentos químicos ou cirúrgicos, não é um problema — mas até que ponto fazemos isso por nós mesmos e não para atender às expectativas externas?


A Substância nos ensina que a beleza, sem profundidade, é insatisfatória. Elisabeth e Sue mostram que nenhuma transformação estética pode nos preencher se não estivermos em paz com quem somos.

 

Minha reflexão? Nossa melhor versão não está em uma juventude perdida ou em um futuro idealizado, mas em como vivemos o presente. Ela está nas histórias que as marcas do tempo carregam e na capacidade de acolher quem nos tornamos.

 

E você? Já pensou em como valorizar a 'substância' que há em você?



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