Entre o concreto que desafia o tempo e a luz que convida ao futuro,
o MASP se expande com o anexo Pietro
Desde sua inauguração em 1968, o MASP, projetado por Lina Bo Bardi, tem sido um marco da modernidade. Com seu vão livre de 74 metros — o maior do mundo na época — e o uso característico de vidro e concreto bruto, Lina criou uma obra que desafia o tempo, conectando arquitetura, urbanismo e a energia 24/7 da cidade de São Paulo. Suspenso a oito metros do solo, o edifício se tornou um símbolo do modernismo brasileiro e da própria capital.
Agora, cinco décadas após sua inauguração, esse legado ganha um novo capítulo com o anexo Pietro, que expande as possibilidades do MASP e reafirma o seu papel como centro cultural.
Projetado pelo METRO Arquitetos Associados, em coautoria com Júlio Neves, o Pietro se conecta ao edifício original sem rivalizar com sua arquitetura. Sua fachada metálica plissada não é apenas visualmente marcante, mas também uma solução sustentável: controla a entrada de luz, reduz o aquecimento interno e otimiza o consumo energético. Essa abordagem reflete o compromisso do MASP com um futuro mais consciente, reforçado pela certificação LEED e pelo reaproveitamento das fundações do antigo edifício Dumont-Adams, uma escolha que minimiza o impacto ambiental da construção.
Grandes vãos do anexo Pietro revelam ângulos inéditos da cidade e do MASP ao longo do dia. E à noite, a luz que emana do seu interior cria uma relação única com o entorno, convidando quem passa pela Avenida Paulista a descobrir o que há dentro do edifício.
A integração entre os dois prédios vai além da estética: o concreto aparente, os tons escuros e um túnel subterrâneo de 40 metros reforçam o encontro entre tradição e inovação. Mas o Pietro não é apenas um complemento arquitetônico; ele é uma resposta à necessidade de dar espaço ao vasto acervo do MASP, com mais de 11 mil obras, das quais apenas uma fração podia ser exibida anteriormente.
Com novas galerias, espaços multiuso, salas de aula, laboratório de conservação, restaurante e café, o Pietro transcende a funcionalidade. Ele projeta o MASP para um futuro que abraça a diversidade e a inclusão, oferecendo um espaço acessível a todos — de estudantes e pesquisadores a amantes da arte e curiosos que percorrem a Avenida.
O MASP é, acima de tudo, um espaço de encontro — entre passado e futuro, entre público e obra, entre São Paulo e o mundo. O Pietro amplia essa experiência, criando um museu que não apenas preserva a história, mas se reinventa para conversar com os desafios e possibilidades do presente. Ele valoriza a troca de conhecimento, a sustentabilidade e a pluralidade cultural, reforçando o papel do MASP como agente de transformação social.
Mais do que ampliar suas paredes, o anexo Pietro é uma expansão de ideias e possibilidades. Assim como o vão livre de Lina, ele continua nos desafiando a imaginar novos horizontes para a arte, a arquitetura e a sociedade.
O MASP cresceu e ficou maior que seu edifício. Alargar as fronteiras era necessário”, afirma Heitor Martins, diretor-presidente do MASP.
Se em 1968 o MASP foi inaugurado com uma exposição de obras de Tomie Ohtake, que novas narrativas surgirão com a abertura do Pietro, inspiradas pelo acervo e pela história do museu?
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